FLORESCENDO ÀS MARGENS DOS MARAJÓS



Melgaço, amiga, minha grande pequena notável,
Tu és mais que um sonho de uma noite de verão;
És um misto de ternuras, carícias, amável!

Ah! Quem me dera beijar-te os lábios,
Sem ressábios,
Entreabertos com sofreguidão!

Melgaço, indelevelmente amiga,
Tu és mais que a Turquesa do Pará,
Mais que o Refúgio dos Pássaros
Mais que o Ponto em Seguida da Beleza,
És com certeza
De meu carinho, mendiga,
E o meu céu, e o meu tártaro,
E a mais fulgente estrela que já vi brilhar!

Sim, tu és mais que um sonho de verão,
És ternura íntima, doçura íntima
E íntimo transbordamento de carícias!
E ainda que ínfima,
És sempre delícia!

És um misto de volúpia, desejo e tesão!
Quem me dera beijar-te os olhos
E acariciar-te os cabelos
Entre minhas mãos impuras, maculadas, feridas
De teu solo entreaberto ao gozo dos poetas!

Que vontade louca de ninar-te ao som
De um doce acalanto!

Inebriado de teu mel sagrado
Meu coração bate por ti
Em algum lugar, movido
A toda paixão
Meu coração em ritmo altivo
De cadências bíblicas
Bate, descompassadamente, por ti!
Porque és feita de luz, de sol, de mar, de amor!

Tua estonteante candura me extasia
E o teu mel transborda nestes versos que componho...

Tu és pequenina, é verdade,
Mas, és meu orgulho e minha alegria
E eu te amo muito além do prazer,
E muito além do sonho!

Foi preciso que um filho teu querido
Deixasse tuas paisagens e se privasse do teu céu
Para reconstituir-te em sonhos repartidos
Prenhes de tua doçura, de teu mel...
Foi preciso que assim nos sentíssimos sós
Para te vermos florescendo
Paulatinamente
Às margens dos marajós!

Ah, quem me dera, sereia morena,
Ao som do mais doce acalanto
Dar-te a conhecer ao mundo, pequena,
Na cadência impossível desse canto!

by Jaime Adilton Marques de Araújo

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