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Mostrando postagens de 2010

CONSTATAÇÕES DE UMA FEBRE DELIRANTE

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Tenho febre e escrevo vãos delírios! Sensações de que as coisas não estão No lugar onde deveriam!... A visão De minha janela mostra-me os martírios Que sofrem as rosas, os cravos e os lírios E a margarida mal saída do botão E a flor de laranjeira e o açafrão Saídos de um pesadelo pra meus colírios! Definitivamente as coisas mudam de lugar. Só a febre em mim é permanente E essa sensação estranha, visceral Que me acabrunha e me leva a meditar Sobre o amor - o sentimento mais demente Que o homem inventou para seu mal! by Manoel da Silva Botelho

SOBREVIVENTE

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À longa noite dos generais Sobrevivi E volto pálido Pra junto de meus pais Embora tão velho assim, Mas trago dentro do peito A esperança que não morreu Em um mundo de amor perfeito Um tiquinho multiterno do céu! by Léo Frederico de Las Vegas

POR QUE AS LENDAS MORREM?*

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              *Título extraído do subtítulo de uma monografia de Docival Gomes Há um ano, Docival, tu nos privaste De tua sempre fraterna companhia. Esbanjavas por tua volta alegria E em teu rosto num sutil engaste Vislumbrava-se - oh, mas que contraste - A rosa da tristeza que sorria À espera de que raiasse logo o dia Em que da paz erguida fosse a haste! Mas te foste sem muita explicação E deixaste em noss'alma melancólica Uma doce saudade em construção De tua obra intensa, singular, bucólica, Poesia sem firulas, poesia social Que deste mundo amenizava o mal! by Jaime Adilton Marques de Araújo

ESSE AMOR…

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É inexplicável E transcendental O nosso amor Posto que se compõe De inúmeras partículas Dessa matéria A que chamamos vida E a quem os poetas chamam Mais propriamente sonho… Sim, nosso amor É um sonho real A nos encher de fantasia… E te amo! Não com a angústia Dos amores terminais Horrorizados com a idéia da solidão Mas com a paz, doce paz De um amor calmo e tranqüilo Cumprido na tranqüilidade De uma tarde cinzenta Próximo a um lago azul! Ah! É tão gostoso lembrar de você E te contemplar, extático, Tão longe de mim, Pois és esta lua A lançar um não-sei-quê De mistério e poesia No fundo de minha alma Até chegar o indelével momento De te amar! by Léo Frederico de Las Vegas

SONETO DE DESENCANTO AO MEU XARÁ MANUEL BANDEIRA

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O desespero da noite agoniza Nos cálidos abraços da aurora Que um novo alento revigora Em mim e na minh'alma eterniza Essa áspera vontade de ir embora Beijando-lhe os lábios e a face lisa Deixando-me acarinhar por sua brisa Doce acalanto do amor de outrora. Desce em meu rosto uma lágrima amarga. Dá uma vontade de ir para Pasárgada E consolar-me ao pé de Manuel E esfolhar-lhe a estrela da vida inteira. Vontade de encontrar-me com Bandeira Satisfazendo o meu sonho de céu! by Manoel da Silva Botelho

PRESENTE DE NATAL

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Presente algum Eu queria neste Natal… Aliás, somente um, Mas esse é excepcional: O presente que eu mais quero É ter você bem junto a mim. Quero reconstruir o meu castelo E o meu coração ofertar a ti! by Léo Frederico de Las Vegas

LAMENTO DE AMOR

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Antes que a vida nos traga A solidão dos alpes Quero beijar tua boca, Maria, Quero acariciar Tuas mãos calejadas Quero sorver O perfume de teus seios E tocar, num frêmito, Tua pevide! Antes que o frio intenso Me congele os sentimentos Quero viver contigo Essa aventura Para além do país dos sonhos Como Peter Pan e Sininho Na Terra do Nunca Ou João & Maria Perdidos Na casa da Velha Gulosa, Velha Golosa! Quero morrer em teus braços, Maria, Quero viver em teu colo, Maria. Quero sonhar os teus sonhos, Maria. Quero você, Maria! Antes que a solidão dos Alpes Me enregele os ossos E eu não tenha mais teu carinho, Maria! by Olímpio José de Araújo

IMPRESSÕES DE UM ECLIPSE

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À espera estou de um eclipse Anunciado, hoje, para a lua. Madrugada afora estou na rua Pra esse encanto captar numa elipse. Então a sombra desenha o apocalipse E expulsa ao Minguante que se insinua A solidão, pois a alma pura e nua Já não pode falar em paralipse! É o ciclo da vida que se renova. A penumbra é total, é Lua Nova! Minh'alma, então, uma canção, aos céus alteia! Depois, surge o Crescente luminoso E Diana ganha o porte majestoso De uma autêntica e sublime Lua Cheia!

SEMPRE SEREI TEU INCONSTANTE AMIGO

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Quando sentires n'alma o peso da distância Quando o tempo te for um pesadelo Lembra de mim que desde o tempo de criança Por ti nutria um amor com mui desvelo. Quando o vento sul bater nos teus cabelos Quando sentires um desejo, uma ânsia De procurar-me, estarei presente pelos Dias em fora sempre em tua lembrança. Por que a vida foi cruel assim conosco E sorvemos Tatuzinho e Dom Bosco Não sei dizer-te! - merecemos tal castigo? Mas porque foste minha eterna namorada Mesmo sem nunca desvendarmos a madrugada Sempre serei teu inconstante amigo! by Pedro Paulo Barreto de Lima

AMOR, ETERNO AMOR

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Se da folha a dor pudesse ser sentida - Arremessada do galho pelo vento - Se o fremir de seu doce sofrimento Do poema na margem coubesse perdida Se ouvido fosse a todo o momento O adeus patético da rubra orquídea Que se entrega perfumosa e felídea Ao contato de humano sentimento... E, se, por fim, pudesse ser contado Em versos livres o amor que foi negado Aos amantes sem pudor, sem sul nem norte Eu romperia de meu peito o silêncio E dir-te-ia desse Amor - pois nada vence-o - Nem a distância, nem o tempo, nem a morte! by Pedro Paulo Barreto de Lima

SONETO DO AMOR IMORTAL

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Vontade de sentir a superfície De tua alma roçando a minha pele Ser em teu ser tal qual meningocele Ficar em ti, tatuado, qual efígie! Vontade de, enfim, gozar aquele Momento reservado com blandície Quando juraste à margem do Estige Dizendo: "Meu amor será só dele!" Quem dera que minh'alma apaixonada Seguisse assim da vida pela estrada Cantarolando aos céus a minha dor... Quem me dera "não mais que de repente" Chegar feliz, alegre e sorridente Ao destino final do grande amor!

O MEU AMOR POR TI É GRANDE, SEMPITERNO!

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Se te amo?! Ora, Senhor! Por que duvidas Do sentimento mais lindo que já houve?! Nem Camões, Drummond, Mozart, Beethoven Cantar puderam com emoção sentida O amor de suas musas como eu canto Nesses rudes versos incompreendidos E que, às vezes, não fazem sentido, Levando-me a beber, sorver o pranto Que derramo quando te vejo triste! Sim, o amor que há em mim resiste Ao pulsar lento das horas, aos acenos E à luxúria dos versos obscenos: E esse amor é bem maior que céu e inferno O meu amor por ti é grande, sempiterno!

A DOR DE UMA GRANDE SAUDADE

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Glosa A dor não mata porque faz chorar: se esvai no pranto aos poucos, suavemente. (Beatrix dos Reis Carvalho - Papai ) A dor não mata porque faz chorar O tristonho poema que transborda Do coração e faz vibrar as cordas Saudando um verso triste ao luar. Mas ela fica no peito a inflamar A paixão adormecida que acorda E salta, feliz, para além das bordas Do coração que se põe a lamentar... A dor aguda faz sofrer o peito Que geme a perda de seu grande amor E, mudo, se queda, insatisfeito Sorvendo a tristeza mais dolente, Pois da saudade imensa a grande dor Se esvai no pranto aos poucos, suavemente! by Pedro Paulo Barreto de Lima

ACORDADO NA TRISTE E FRIA MADRUGADA

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Estou de mal com Morpheus. Não quero seus braços, Seus longínquos braços Cheios de adeuses e solidão! Prefiro continuar desperto E lembrar dos meus sonhos, singelos sonhos de criança Quando eu acreditava na vida, Quando eu acreditava no amor! (Mas isso foi há muito tempo...) A ter que entregar-me a ele E reviver os pesadelos Perdidos na insônia De Fred Krueger No submundo Da desesperança! Mas estou lúcido E vou sobreviver À Hora do Pesadelo!!! by Manoel da Silva Botelho

NO COLO DA NOITE E SENTINDO TUA FALTA

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Estou enroscadinho no colo da noite Ouvindo o murmúrio das estrelas cadentes E o sussurro da brisa que acaricia o meu rosto E atesta a ausência de teu corpo em mim. A lacuna dos carinhos que não pudemos trocar, Os beijos calientes que não pudemos beijar, O suor escaldante que não exalamos, Os lençóis lilases que não amarfanhamos, Tudo, tudo me faz lembrar Que tua presença é essa ausência de ti! Meus pés procuram os teus Mas só encontram o vazio de tua falta; Minhas mãos buscam tuas nádegas, Meus lábios, teus mamilos Na ânsia de bebericar o néctar da vida Que exala de teu corpo em chamas, Mas nada encontram Porque não estás aqui. Na verdade, nunca estiveste... Mas, a saudade do não acontecido É tamanha em meu peito Que fico insone, a pensar, Que essa brisa que roça o meu corpo És tu, que trazes o frescor de teu hálito Para abrandar a minha solidão Neste momento em que estou Enroscadinho no colo da noite! by Pedro Paulo Barreto de Lima

SONETO A UMA MISTERIOSA DAMA

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Tu és e sempre foste um belo sonho Desses que ficam só na fantasia; E trêmula passaste!... Todavia, Ficaste no soneto que componho Com um verso comovido e tristonho Que até a alma mais sensível arrepia; Tal qual reflete do rio a maresia O luar misterioso e risonho... És tão bela, tão meiga e natural Que dir-se-ia não seres só o meu fanal, Mas a Virgem Imaculada, a Santa! E, aos teus pés, deposito insepulto Todo o meu triste amor, todo o meu culto Ó magna musa que o meu estro canta!

SOMENTE A POESIA PODE NOS SALVAR

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E há caminhos sem luas descobertos por Quintana Que nos ferem a alma bêbada de vodka e rum Caminhos que nos levam ao lugar incomum Da poesia que sopra dos pampas, camoniana! E há uma nesga de brisa a balouçar a veneziana Inexistente da janela de quarto algum Estilhaçando o silêncio de Cafarnaum Soprando alento nos bibelôs de porcelana Que vão ganhando vida, luz e poesia!... Ah, se o mundo fosse todo fantasia E, pudéssemos, crianças, no quintal Do tempo brincar despreocupadamente... E o ser humano não estaria assim doente Como está de um triste e incurável Mal! by Pedro Paulo Barreto de Lima

SONETO À MINHA MÃE

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O que te passa pelo pensamento Nessa hora de calma e abandono Em que te entregas a um leve sono Em meio a tanta agrura e sofrimento?! Como fazer de meus versos lenimento Pra tua vida que já está no outono, Como fazer de meu coração o trono Onde possas reinar eternamente? Quantas sonhos e desejos inalcançados, Quantas perdidas e sonhadas carícias Passaram pelo palco de teu coração? Que fazer dos afagos desperdiçados, Das aventuras mutiladas, das delícias Não vividas, dos dias que passaram em vão?!... by Jaime Adilton Marques de Araújo

SONETO DE SÚPLICA

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Senhor, de coração sincero Perdão Vos peço nesta hora Seja eu um pecador embora Mas vossa compaixão eu quero. Sua ovelha desgarrada chora Desiludida em desespero. Levou da vida um destempero E piedade a Vós, então, implora! Oh, não deixeis que em mim desabe Inexoravelmente o mundo Nem que eu caia na mão do inimigo... E, louvar-te-ei inda que acabe A vida, de um tão amor profundo Que quer-me-ás sempre contigo!

SONETO DO AMOR NATURAL

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Teus pudores subtraem-me a libido E fico, inane, a te render o preito Dos poetas desesperados, sem jeito De a transparência louvar-te do vestido! Quem me dera fosse o príncipe eleito De teus sonhos e o lorde escolhido Que vencesse dragões e que vencido Aos teus pés declarasse amor perfeito! Mas de um grande amor sou tributário De um amor mais palpável, mais real, Que ao som não brota de um estradivário, Não tem a aura de amor medieval Mas é amor, canto núbio de canário, Pele a pele, e simples, e natural!

FÊNIX RENASCIDA

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Não pedi para sofrer. No entanto, A bruxa do destino sem razão Sua faca sega em meu coração Cravou e tentou calar meu canto. Sem fontes, sequei. Pra meu espanto Até Calíope me deixou na mão E foi assombroso sentir a sensação De abandono, desprezo, desencanto… Foi terrível me sentir acorrentado Do espaço-tempo pelas vis amarras E num vil calabouço ser jogado... Salvou-me o triste canto das cigarras - Singelo canto, canto abençoado - Sobrevivi à bruxa louca e suas garras! by Léo Frederico de Las Vegas

DOIS PONTOS DE VISTA SOBRE FELICIDADE

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O que tu queres de mim é o estatus: 'Sou casada e muito bem casada!' Uma casa com varanda e sacada, Um passarinho na gaiola, uns dois gatos; Uma prole, talvez, bem comportada, Samambaias pelos muros, alguns cactus, Uma amiga para por em dia os papos, Ser a dona do pedaço, invejada! Tudo isso é muito bom e eu também quero. Mas, ser feliz não é apenas ter dinheiro, Senão a vida viver sem lero-lero! Pra ter você eu trocaria o mundo inteiro. Quero de ti o que todo Homem quer: De ti eu quero a pevide e a Mulher! by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

O REVERSO DA FOTOGRAFIA*

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*desentranhado das entrelinhas de Fotografia de um sábado à noite Ao Zack Eu tenho um amigo que é sádico Enclausurado numa concha mórbida E cuja mão é meliante e pérfida Aliciando a noiva feito um mágico. Na doce ilusão de seu poema trágico Vai construindo uma sensação inédita De descartar toda impureza fétida Em troca de um sorriso doce e cálido. E assim em versos loucos a translúcida Blusa da moça que se entrega esplêndida, Louva, à sua sanha voraz de bêbado E, feliz, a lambuza em um cio orgástico Transmutando-a, sóbria, no verso trôpego De sua constante poesia elegíaca!

SONETO DO IMUTÁVEL AMOR

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Nada mudou. É tudo como antigamente Quando corríamos felizes e descalços, Entrelaçadas as mãos, olhos esgarços, E o coração palpitando alegremente. Nem nossos sentimentos eram falsos Nem a lua espiava tristemente. A coloração de tudo agora é diferente, Mas em nós nada mudou. Até os cadarços São os mesmos dos sapatos que não usamos. Abraçados fitávamos o tempo. Continuamos Com o mesmo desejo ardente de partir. Nada mudou, bem sabemos. Em nosso peito Cultivamos o mesmo velho amor perfeito E uma vontade muito louca de sorrir! by Pedro Paulo Barreto de Lima

SONETO DA EXTREMA NECESSIDADE

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Meu amor, eu preciso de um verso Para compor um poema de ternura. Eu preciso, doce e meiga criatura, Dizer  aqui o contrário, o reverso Do que sempre digo, pois o universo É pouco pra conter essa ventura. Se no meu peito há uma quentura Ela mostra de minha alma o anverso! Que vontade subumana de levar-te Num rapto das delícias ao jardim E ver, inteira, ao meu amor, quedar-te! Quem me deras desses um verso a mim Nele, pra sempre, eu iria emoldurar-te Com as tintas vivas de um amor sem fim! by Jaime Adilton Marques de Araújo

MEUS QUERIDOS POETAS

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A poesia de Gullar me apavora, A poesia de Vinícius me enternece; A poesia de Cecília me entristece, A de Clarice Lispector me devora! A poesia de Quintana me estremece, A poesia de Bandeira me diz: "Chora!" A de Alphonsus de Guimaraens, sonora, Leva-me à de Bilac - me enriquece! Mas há uma poesia que me enleva, Que me encanta e me faz ficar sem chão, E me ilumina e me tira da treva! Dentre todos és o maior: pai e irmão, Tua poesia me é cara, de verdade, Ó querido Carlos Drummond de Andrade! by Léo Frederico de Las Vegas

SONETO DA INFINITA SAUDADE

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Há momentos em que bate a saudade E o coração sem pudor chora por dentro; Nessas horas eu em minha concha entro E por nada troco essa eternidade! E, se não bastasse, há um samba, na cidade Ecoando tristeza, dor, paixão, lamento... "A cabrocha que eu amei", em pensamento Nele está transubstanciada de verdade! E vou sorvendo uma dor que se eterniza Qual sorriso intrigante de Monalisa! - Sigo lutando, sou Cavaleiro Medieval. Não deponho as armas nunca, nunca! Inda que me crave sua garra adunca A solidão, do amor serei poeta imortal! by Pedro Paulo Barreto de Lima