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Mostrando postagens de novembro, 2010

SONETO A UMA MISTERIOSA DAMA

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Tu és e sempre foste um belo sonho Desses que ficam só na fantasia; E trêmula passaste!... Todavia, Ficaste no soneto que componho Com um verso comovido e tristonho Que até a alma mais sensível arrepia; Tal qual reflete do rio a maresia O luar misterioso e risonho... És tão bela, tão meiga e natural Que dir-se-ia não seres só o meu fanal, Mas a Virgem Imaculada, a Santa! E, aos teus pés, deposito insepulto Todo o meu triste amor, todo o meu culto Ó magna musa que o meu estro canta!

SOMENTE A POESIA PODE NOS SALVAR

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E há caminhos sem luas descobertos por Quintana Que nos ferem a alma bêbada de vodka e rum Caminhos que nos levam ao lugar incomum Da poesia que sopra dos pampas, camoniana! E há uma nesga de brisa a balouçar a veneziana Inexistente da janela de quarto algum Estilhaçando o silêncio de Cafarnaum Soprando alento nos bibelôs de porcelana Que vão ganhando vida, luz e poesia!... Ah, se o mundo fosse todo fantasia E, pudéssemos, crianças, no quintal Do tempo brincar despreocupadamente... E o ser humano não estaria assim doente Como está de um triste e incurável Mal! by Pedro Paulo Barreto de Lima

SONETO À MINHA MÃE

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O que te passa pelo pensamento Nessa hora de calma e abandono Em que te entregas a um leve sono Em meio a tanta agrura e sofrimento?! Como fazer de meus versos lenimento Pra tua vida que já está no outono, Como fazer de meu coração o trono Onde possas reinar eternamente? Quantas sonhos e desejos inalcançados, Quantas perdidas e sonhadas carícias Passaram pelo palco de teu coração? Que fazer dos afagos desperdiçados, Das aventuras mutiladas, das delícias Não vividas, dos dias que passaram em vão?!... by Jaime Adilton Marques de Araújo

SONETO DE SÚPLICA

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Senhor, de coração sincero Perdão Vos peço nesta hora Seja eu um pecador embora Mas vossa compaixão eu quero. Sua ovelha desgarrada chora Desiludida em desespero. Levou da vida um destempero E piedade a Vós, então, implora! Oh, não deixeis que em mim desabe Inexoravelmente o mundo Nem que eu caia na mão do inimigo... E, louvar-te-ei inda que acabe A vida, de um tão amor profundo Que quer-me-ás sempre contigo!

SONETO DO AMOR NATURAL

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Teus pudores subtraem-me a libido E fico, inane, a te render o preito Dos poetas desesperados, sem jeito De a transparência louvar-te do vestido! Quem me dera fosse o príncipe eleito De teus sonhos e o lorde escolhido Que vencesse dragões e que vencido Aos teus pés declarasse amor perfeito! Mas de um grande amor sou tributário De um amor mais palpável, mais real, Que ao som não brota de um estradivário, Não tem a aura de amor medieval Mas é amor, canto núbio de canário, Pele a pele, e simples, e natural!

FÊNIX RENASCIDA

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Não pedi para sofrer. No entanto, A bruxa do destino sem razão Sua faca sega em meu coração Cravou e tentou calar meu canto. Sem fontes, sequei. Pra meu espanto Até Calíope me deixou na mão E foi assombroso sentir a sensação De abandono, desprezo, desencanto… Foi terrível me sentir acorrentado Do espaço-tempo pelas vis amarras E num vil calabouço ser jogado... Salvou-me o triste canto das cigarras - Singelo canto, canto abençoado - Sobrevivi à bruxa louca e suas garras! by Léo Frederico de Las Vegas

DOIS PONTOS DE VISTA SOBRE FELICIDADE

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O que tu queres de mim é o estatus: 'Sou casada e muito bem casada!' Uma casa com varanda e sacada, Um passarinho na gaiola, uns dois gatos; Uma prole, talvez, bem comportada, Samambaias pelos muros, alguns cactus, Uma amiga para por em dia os papos, Ser a dona do pedaço, invejada! Tudo isso é muito bom e eu também quero. Mas, ser feliz não é apenas ter dinheiro, Senão a vida viver sem lero-lero! Pra ter você eu trocaria o mundo inteiro. Quero de ti o que todo Homem quer: De ti eu quero a pevide e a Mulher! by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

O REVERSO DA FOTOGRAFIA*

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*desentranhado das entrelinhas de Fotografia de um sábado à noite Ao Zack Eu tenho um amigo que é sádico Enclausurado numa concha mórbida E cuja mão é meliante e pérfida Aliciando a noiva feito um mágico. Na doce ilusão de seu poema trágico Vai construindo uma sensação inédita De descartar toda impureza fétida Em troca de um sorriso doce e cálido. E assim em versos loucos a translúcida Blusa da moça que se entrega esplêndida, Louva, à sua sanha voraz de bêbado E, feliz, a lambuza em um cio orgástico Transmutando-a, sóbria, no verso trôpego De sua constante poesia elegíaca!

SONETO DO IMUTÁVEL AMOR

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Nada mudou. É tudo como antigamente Quando corríamos felizes e descalços, Entrelaçadas as mãos, olhos esgarços, E o coração palpitando alegremente. Nem nossos sentimentos eram falsos Nem a lua espiava tristemente. A coloração de tudo agora é diferente, Mas em nós nada mudou. Até os cadarços São os mesmos dos sapatos que não usamos. Abraçados fitávamos o tempo. Continuamos Com o mesmo desejo ardente de partir. Nada mudou, bem sabemos. Em nosso peito Cultivamos o mesmo velho amor perfeito E uma vontade muito louca de sorrir! by Pedro Paulo Barreto de Lima

SONETO DA EXTREMA NECESSIDADE

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Meu amor, eu preciso de um verso Para compor um poema de ternura. Eu preciso, doce e meiga criatura, Dizer  aqui o contrário, o reverso Do que sempre digo, pois o universo É pouco pra conter essa ventura. Se no meu peito há uma quentura Ela mostra de minha alma o anverso! Que vontade subumana de levar-te Num rapto das delícias ao jardim E ver, inteira, ao meu amor, quedar-te! Quem me deras desses um verso a mim Nele, pra sempre, eu iria emoldurar-te Com as tintas vivas de um amor sem fim! by Jaime Adilton Marques de Araújo

MEUS QUERIDOS POETAS

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A poesia de Gullar me apavora, A poesia de Vinícius me enternece; A poesia de Cecília me entristece, A de Clarice Lispector me devora! A poesia de Quintana me estremece, A poesia de Bandeira me diz: "Chora!" A de Alphonsus de Guimaraens, sonora, Leva-me à de Bilac - me enriquece! Mas há uma poesia que me enleva, Que me encanta e me faz ficar sem chão, E me ilumina e me tira da treva! Dentre todos és o maior: pai e irmão, Tua poesia me é cara, de verdade, Ó querido Carlos Drummond de Andrade! by Léo Frederico de Las Vegas

SONETO DA INFINITA SAUDADE

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Há momentos em que bate a saudade E o coração sem pudor chora por dentro; Nessas horas eu em minha concha entro E por nada troco essa eternidade! E, se não bastasse, há um samba, na cidade Ecoando tristeza, dor, paixão, lamento... "A cabrocha que eu amei", em pensamento Nele está transubstanciada de verdade! E vou sorvendo uma dor que se eterniza Qual sorriso intrigante de Monalisa! - Sigo lutando, sou Cavaleiro Medieval. Não deponho as armas nunca, nunca! Inda que me crave sua garra adunca A solidão, do amor serei poeta imortal! by Pedro Paulo Barreto de Lima

SONETO DE ESPERANÇA

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Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais Tu vens, tu vens Eu já escuto os teus sinais... Alceu Valença - "Anunciação" Já estou escutando os teus sinais Na doce voz do vento temporão Que acarinha teus recantos sensuais Reacendendo-te o fogo da paixão! Sei que vens! E por ti meu coração Bate, acelerando um pouco mais!... Que bom saber que a vil solidão Vai sucumbir! Eia, sus, enfim virás! Virás pra florescer a minha vida, Virás pra ser a minha Bem-Amada Morena de meus sonhos e delírios. E trarás para a terra ressequida De minh'alma uma chuva abençoada E em mim florescerão rosas e lírios! by Pedro Paulo Barreto de Lima

NÃO DESPREZE O MEU AMOR...

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Se tu tivesses alguém no teu encalço Disputando o meu amor, meu coração, Não sorririas esse sorriso falso, Pois por ti estou morrendo de paixão. Mas, porque tens só a ti minha atenção E me vês, à tua mercê, nu e descalço, Zombas de mim, com grande gozação E levas o meu amor ao cadafalso! Não faz assim, meu bem, que isso magoa. Também sofro e como qualquer pessoa Tenho um sonho e um desejo delirante... Se continuas a me esnobar, cuidado!... Um dia por me sentir tão desprezado Quem sabe não queira mais ser teu amante! by Léo Frederico de Las Vegas

REFLEXÕES EM FACE DA MORTE

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A morte não tem idade realmente E nem tão-pouco critério de escolha O velho e rude galho ou a tenra folha São levados, por ela, incontinenti! E à nossa dor se mostra indiferente: Vem em nosso jardim e então desfolha Nossas roseiras e faz que se encolha A alegria do rosto antes sorridente! Mas, temos que aceitá-la. É a lei. E, também, nossa única certeza. (Dos mistérios da vida nada sei!) Seremos - cedo ou tarde - não é surpresa, (E quem sabe até quando aqui serei?...) Devolvidos todos à Natureza! by Jaime Adilton Marques de Araújo

FIZ TUDO POR AMOR

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Por amor já roubei versos alheios Dei-os à lua e até subi em laranjeira. Por amor fiz poesia altaneira À beira d'água amando-te em coleios. Por amor u'a doce canção fagueira Da algibeira tirei pra teus enleios... Por amor contratei pombos-correios Que por e-mails a minha verdadeira Paixão levaram a ti, ó minha vida, Exalando a doce sinceridade Desse sentir que jamais ficou exangue. Por amor fiz rondéis, trovas... sentida Emoção fui expressando com verdade... Por amor chorei lágrimas de sangue! by Léo Frederico de Las Vegas

SONETO DO AMOR NÃO CORRESPONDIDO

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Esmaga violentamente o coração O amor fugaz e não correspondido. Sofro muito e como um pássaro ferido Silenciei para sempre minha canção. Num claustro escuro encerro esse amor Que foi somente meu, foi minha vida; Minha poesia; minha linda musa querida; Pólen melífluo de minha singela flor! Mas hoje esse amor é o meu pesar; A minha melancolia… a minha desventura… Ah! Tivesses ainda um pouco de ternura E eu libertar-te-ia, ó amor, para sonhar! Sim, o amor fugaz e não correspondido Esmaga sem dó o meu pobre coração sofrido… by Léo Frederico de Las Vegas

NÃO GOSTO DE DIZER ADEUS

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Eu não gosto de ir a cemitérios Nem pra levar a última homenagem. Basta, aos que morreram, seguir viagem Sós que sozinho fico vitupérios Ouvindo dos vivos e despautérios Que me falta sentimento ou coragem... O que dizem não passa de bobagem Mas não ligo para esses impropérios! O que não gosto é olhar o amigo morto Hoje, se ontem mesmo ainda sorria. Lembrá-lo vivo pra mim é um conforto! E o que, às vezes, parece covardia Nada mais é que um carinho torto De vida e morte honrar com alegria! by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.