O hálito podre da Morte me apavora
E sou alérgico ao seu terrífico estertor;Mas sinto-o n'alma a corroer desde agora
Os quadros mais belos que a vida me pintou!
Sinto-o, numa fome voraz que me devora,
A deixar em minha boca a nâusea, o amargor
Dos longos anos que vivi em vão, embora
Seja o retrato em preto e branco do que sou!
Tal como o verme infame que faminto espreita
A carne pútrida que se destina a ser
Seu lauto banquete na interminável noite
A Morte sem firulas ao meu lado deita
Bafejando horrores a me estremecer...
E eu, me entrego, louco, ao sibilar do açoite...
by Manoel da Silva Botelho
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