sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

FUMAÇA

     
Ao meu amigo Zack, para que saiba quem é

Fui olhar-me ao espelho e estremeci:
Quanto tempo perdido em devaneio!
Incrédulo, vi um fantasma meio
Que triste!... Eu não me reconheci

No amargo rosto refletido! Receio
Que faz tempo que eu me perdi.
Quantas ilusões, fantasias, bloqueio
De tudo quanto belo eu não vivi!

Mas a imagem refletida é fidedigna.
Essa máscara hipócrita, maligna
Que vejo é tudo o que de mim restou!

Eu, que pensei ser dia e primavera
Vejo que (oh, martírio, oh, quimera!)
Não sou nada. E... eu nem sei quem sou!

by Manoel da Silva Botelho

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