Ao pressentir que a hora extrema
Para o seu marido chegava
Uma senhora pensou num poema
Onde todo o seu amor expressava
Ao velhinho, paixão de sua vida.
Eram versos de uma paixão verdadeira
À moda ribeirinha, vivida,
No dia-a-dia, com cenas corriqueiras.
Na poesia, o verdadeiro sentido
A senhora buscou, do amar...
Convidou o seu esposo querido
Para rimas e versos trocar.
O senhor, arquejando, aquiesceu
Ao pedido de sua bem-amada,
A qual lhe disse: primeiro digo o meu;
Depois você recita a sua quadra!
E, assim, inspirada no amor,
Que a vida inteira ao amado devotara
A velhinha com cuidado suspirou
Os seguintes versos, de forma bem clara:
- Gilberto, meu cravo roxo,Emocionado com versos tão sentidos
Gilberto, minha almofada,
Quando eu não te vejo
Eu não como, eu não bebo,
Eu não faço nada!
Que lhe compungiram o coração
O velhinho disse: Teu poema é bonito...
Lá vai o meu, velha!... (E mandou este refrão)
- Lá vai o sol se pondo,
Vermelho e quente;
Cabelo do meu cu, nega,
Pra palitar teu dente.
- Desgraçado do velho miserável -E assim terminamos essa história
A velhinha respondeu, desapontada.
- Mesmo morrendo esse irresponsável
Não deixa de fazer graça e piada.
De um amor verdadeiro, singular...
E se você, caro leitor, pressente que é a hora,
Convide o seu bem para versos recitar...
by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.
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