Levei, da vida, porrada algumas vezes.
Inda que não contemporâneo de Pessoa
Venho, entanto, neste soneto numa boa
Confessar: Fui reles e vil! Levei revezes
Da vida, sofri muito enxovalho p'la proa,
E fiz pano de chão dos mais belos alfrezes;
No auge da vileza comi as próprias fezes
E cometi pecados que nem Deus perdoa!
Por isso elevo a minha infame voz humana
Para dizer que da ralé sou as narículas
Que chafurdam grotescamente pela lama...
Nunca fui Príncipe, tampouco semideus!
Sofri calado a angústia das coisas ridículas...
Oh, Álvaro de Campos, fui sempre um dos teus!
by Manoel da Silva Botelho
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