quarta-feira, 6 de outubro de 2010

SONETO DA INVEJA

SÉRIE: SETE PECADOS, SETE SONETOS!

Deixe que me apresente: eu sou rainha
Que nasci para beber da alheia glória.
Se tua vida for de boa trajetória
- Sabe que os deuses a quiseram minha!

Por isso, assina logo essa promissória,
Pois tudo o que é teu é meu! Convinha
Que assim fosse! E não muda a ladainha...
Não tens, portanto, outra escapatória!

Dá-me, agora, pois, toda a tua herança:
Essa vida feliz, essa bem-aventurança,
E que digam os deuses: assim seja!

Deixa-te agora de lamúria, amigo,
Se a vida é boa pra mim e ruim contigo...
Quero tão-só o que é teu! Sou a Inveja!

by Manoel da Silva Botelho

terça-feira, 5 de outubro de 2010

SONETO DA IRA

SÉRIE: SETE PECADOS, SETE SONETOS!







Contrariado, estressado, bravo, nervoso
Esse é o meu estado de espírito natural.
E se o calo me pisarem - não faz mal -
Retribuo na mesma moeda, sou perigoso!

Sou amigo das discussões, litigioso.
E, se acaso, me vires calmo, não é normal;
Pois, ser ranzinza é meu jeito habitual.
Ó não me queiras ver num dia furioso!

Assim sou eu! E se me contrariares
Arremesso-te, certeiro, pelos ares,
Dou-te um sopapo que maior ninguém desfira!

E não me digas que zangado eu estou
Porque te pego e te bato... Ora, Senhor!...
Não acreditas? Brinca comigo! Sou a Ira!

by Manoel da Silva Botelho

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

SONETO DA PREGUIÇA

SÉRIE: SETE PECADOS, SETE SONETOS!


Não me macem, por favor, não me acordem!
Preciso um pouco mais de tempo pra dormir...
Ou não sabem que o por fazer e o por vir
são dos humanos afazeres?! A mim não podem

Obrigar a nada, nem impor ou coagir
Dizendo: "Isso aqui é uma ordem,
Vá trabalhar, senão essa desordem
Te empobrece e algo tens que possuir!"

Não aceito ordens tais e te aviso:
Fazer nada é a lei! Eu não preciso
Esforçar-me pra ter posses! Não me atiça

Desejo algum de humano reconhecimento!
O que possuo já me basta para o sustento.
Vou dormir um pouco mais! Sou a Preguiça!

by Manoel da Silva Botelho

domingo, 3 de outubro de 2010

SONETO DA GULA

SÉRIE: SETE PECADOS, SETE SONETOS!


Não me importa que me apontem a jabulani
E digam: "Nossa!, como você engordou!"
Pois dos poucos prazeres que há, sou
Quem mata a fome da puta e da madame!

Dos carnais prazeres, creio que estou
Bem acima, pois não deixo morrer, inane,
Quem de mim se delicie! E não há tatame
Para aquele que do meu gosto provou!

E vou seguindo ofegante, abram alas!
Dos melhores banquetes estou nas salas.
Coma, pois, sem cerimônia e sem firula!

Banqueteie-se pra valer, não apenas prove!
E se uma azia aparecer, dê-lhe um engov.
Sou feliz de barriga cheia! Sou a Gula!

by Manoel da Silva Botelho

sábado, 2 de outubro de 2010

SONETO DA AVAREZA

SÉRIE: SETE PECADOS, SETE SONETOS!











Acumular, acumular! Eis a regra de ouro
A que me entrego desde a minha mocidade.
Pouco se me dá se nunca fiz caridade,
O que importa é que ergui o meu tesouro!

Se minha vida foi de pouca hilaridade,
Se ao viver regalado devotei muito desdouro,
Se me privei de alguns bens - vindouro
Era o benefício! Estou rico na terceira idade!

Não tenho amigos - sentimento passageiro -
Em ninguém confio! Só querem o meu dinheiro!
Detesto dividir com alguém minha riqueza.

E... Se essa noite pedirem a minh'alma...
Sem testamento, ir-me-ei, e sem trauma.
Nenhum prazer em conhecê-lo! Sou a Avareza!

by Manoel da Silva Botelho

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

SONETO DA LUXÚRIA

SÉRIE: SETE PECADOS, SETE SONETOS!
 

Muito prazer! Sou o lúbrico Prazer
Que te causa, por dentro, calafrios!
Sou o gemido arfante, e os arrepios
Que vêm em tua epiderme se comprazer

Das delícias carnais, dos arredios
Momentos de gozo pleno a dissolver
Todo o meu mel em tua boca e a beber
A tua nata branquicenta jorrando rios!

Num crepitante sorriso de desejo
Estou ardendo pra te cobrir de beijo
E carícias e pra te amar com fúria

E te enredar nos meus sutis enleios
E te ofertar os pomos de meus seios
Pois sou mais-que-prazer! Sou a Luxúria!

by Manoel da Silva Botelho

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

NAVEGAM, POR MEUS RIOS, MUITOS POETAS



Navegam, por meus rios, muitos poetas!
Em meus leitos há barcos naufragados.
Há murmúrios e sorrisos marejados
E da meiga namorada as brancas tetas!

Há segredos que nunca foram revelados:
Quais os nomes das quatro moças da corveta
(Ana Márcia? Dulce? Lenita? Marieta?)
Que submergiram no meu perau - constelados!

Navegam, por meus rios, estrelas surdas,
E saudades muito estranhas, absurdas
De um sentimentalismo regado a sonhos.

Em meu leito há poemas inconclusos
E eu constato entre cético e confuso:
Em mim habitam anjos e demônios!

by Léo Frederico de Las Vegas

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

LEMBRANÇAS DE UM ANTIGO FARINHEIRO


Lembranças!
Absorto em vós
Lembro um pouco de mim
Que se foi
E está sepultado para sempre
Em minha memória.
Oiço o ruído lancinante do machado
A derrubar grande extensão de floresta
Que depois de queimada e preparada
Era nossa fábrica do pão de cada dia...
E feríamos o ventre grávido da Terra,
E enterrávamos a nossa Esperança
Que brotava após um tempo de latência
Nos trazendo consolo e alegria!
A farinhada era sempre uma festa
A família toda reunida
Cada qual dando um pouco de sua vida
Para a concretização desse labor
Até tarde ao chegar de volta à cidade
Que paz imensa nos invadia a alma
Nessa vida pacata e cheia de emoções!
Em nossos sonhos apenas se agitavam
Desejos prenhes de outros desejos
Que significavam sempre
O desejo de revolução!

Mas o que quer um simples farinheiro?
Sonhar com um mundo melhor
E no sonho fazê-lo verdadeiro!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

MEU DESEJO




Meu desejo? Era ser a água fria
Que te banha, ouvindo esses teus ais!
O sabonete que acaricia
Gostoso tuas partes sensuais!

Meu desejo? Ser a toalha tua
Que te envolve inteira num instante...
O espelho onde te vês toda nua
- Febre do meu sonho delirante!

Meu desejo? Era ser a calcinha
Que esconde a visão de meus delírios
E a perfuma para a sede minha
De dálias, de rosas e de lírios!

Meu desejo? Ser os sutiãs
Que te afagam os seios virginais
E dos teus mamilos as maçãs
Beijam, e sugam, e mordem mais!...

Meu desejo? Era ser a tua cama,
O teu lençol macio e o travesseiro
Onde sonhas, onde se esparrama
Teu belo sorriso feiticeiro!

Meu desejo? Ser este poema
Que te expressa o meu mais puro amor
Ser quem tu desejas que em hora extrema
Te possua num sonha tentador!

by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

ULTRA-ROMÂNTICO



- Que queres, amor, que te dê
Neste momento em que o tempo parece ilógico
E enlaçamos as mãos, enamorados?!...
Pede-me, - e dar-te-ei - que vais querer?
Um poema? Uma rosa? Um canário?!



- Ah, quem me dera me deras um zoológico
Cheio de onças, araras, mico-leões-dourados
Garças, beija-flores e tartarugas e um aquário
Com um cardume de garoupas!

- Escuta aqui, ó garota!
Não tens pudor?
Estás querendo
Mesmo o brasileiro
Faunário
Ou estás me fazendo
De otário
De olho no meu dinheiro,
No meu saldo bancário?

Ora, Senhor!

by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

domingo, 26 de setembro de 2010

DA UNIVERSALIDADE DA POESIA



A poesia não se restringe a uma época
Ainda que venha datada e com local.
Ela sempre tem um quê de eterno, universal,
Que a torna a mais venerável déspota!

Na poesia somos todos inconstantes:
Deitamos com Cecília, Adélia e Henriqueta.
Dizemos ser Vinícius nosso maior poeta...
Mas lembramos de Drummond e de Murilo Mendes!

Amamos homens e mulheres, não importa.
A poesia não tem sexo e nem tem cor
E a qualquer hora pode bater em nossa porta.

Mas... a seguir o conselho de Quintana
"Nunca dates os teus poemas" não vou por
Local nem data. Este soneto será chalana!...

by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

sábado, 25 de setembro de 2010

SEGREDO REVELADO



Eu vou dizer o que ninguém ousou ainda.
Você, talvez, caro leitor, nem me dê crédito;
Mas o que eu tenho a revelar é algo inédito,
Inacessível em recôndita berlinda!

Mas, todo mistério um dia tem sua áurea finda
E o segredo vem à tona, talvez por édito,
Ou, quem sabe, por voz de quem não tem descrédito.
Por isso, direi o inefável e a frase linda!

Maneira esdrúxula de começar terceto.
Praticamente terminamos o soneto
E nada de o tal segredo se revelar...

Mas o que direi poeta algum já disse um dia:
– Quero feliz morrer no colo de Maria,
E por minha vida inteira a quero amar!

by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SONETO DE AMOR E DESEJO




Sob os lençóis aveludados te espero
Em nossa cama para a mágica sessão
De amor & sexo, de desejo & tesão
Que vai tirar-nos desse desespero

Que nos invade. Hoje eu te quero
Para aplacar de meu corpo o vulcão.
O membro hirto já demonstra a paixão
E o meu desejo de possuir-te é sincero.

Por isso, vem, querida minha! A nudez
De meu corpo é completa. Traz-me a tua
E nos amemos, gozando com insensatez

O gozo pleno das estrelas e da lua
Deixando o cheiro dessa louca embriaguez
Se esvair, noite a fora, pela rua!

by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

SONETO DOS DIAS TURBULENTOS


A nostalgia dos dias me enlouquece
Nesse afã de respirar um sentimento
E de vivê-lo em todo o vão momento
Que já não sei de minha vida. Parece

Que me esqueço, e a vida, incólume, acontece.
Já não sei discernir entre paz e sofrimento.
Busco encontrar na poesia o lenimento
Para esse angústia que já o meu estro fenece.

E saio à rua anoitecida de setembro.
Um não-sei-quê de ternura que não lembro
Me toma de assalto - seria saudade dos meus avós?

Sei que no brejo coaxa a saparia
E me enregela o corpo tal letargia
Que vou parindo este soneto de gosto atroz!

by Daniel Jônatas M. de Queirós Mauá Jr.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

UMA NOITE COM VOCÊ



A emoção de ter você ao meu lado
Nesta silente noite enluarada
Faz transbordar de alegria, ó Amada
Minha, o meu coração apaixonado!

Entre mil beijos, nós, os enamorados,
Vemos aproximar-se a madrugada
Trazendo consigo seus mistérios e fadas
Ao ninho do nosso amor encantado!

E então vivemos a emoção sem par
De amor fazermos à luz do luar
De gozarmos inefáveis momentos!

Os nossos corpos nus e agarradinhos
Em delírios de amor e de carinhos
Expressam todos os nossos sentimentos!

by Léo Frederico de Las Vegas

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

RIOS



A poesia nunca é igual.
Pode ser o mesmo, o sentimento,
Pode ser o mesmo, o motivo,
Podem ser as mesmas circunstâncias,
Até o poeta pode ser o mesmo,
Mas a poesia nunca é igual.

A poesia é única,
Peculiar,
Singular,
Ímpar,
Atômica!

Ainda que sejam as mesmas palavras
Ainda que sejam as mesmas rimas
Ainda que o verso livre seja o mesmo

A poesia nunca é a mesma
Ainda que unívoca...

E ela nos toca sempre
Com seu jeito inequívoco
De deusa serena

Não importa o lugar,
Não importa a rima
Ou sua ausência
A poesia nos toca,
Arrebata-nos a alma,
Sem pedir licença!

by Léo Frederico de Las Vegas

domingo, 19 de setembro de 2010

JÁ NÃO SEI QUEM SOU



Já não sei quem sou
Só sei que eu não sou
Quem eu era antes.
O mundo gira velozmente
Na velocidade
Das batidas de meu coração!
E o meu coração
É uma colcha de retalhos
Buscando no baú das estrelas
O sentido desta
Minha solidão!
Olho de soslaio para a vida
E percebo o movimento
Das borboletas
E ouço o coaxar dos sapos
Que vão vivendo
Indiferentes
À dor que me dilacera a alma!

by Léo Frederico de Las Vegas

Campeão de Acessos

DESILUSÃO...

De tanto te amar De tanto sonhar Que seria feliz Foi que eu me acabei Meu sonho quebrei E hoje sou infeliz… Por te amar tinha me...